quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Capítulo 5 - Passo a passo: Parque Nacional de Los Alerces

Chegámos quase ao final da nossa viagem, estávamos cansados, mas felizes e nada como aproveitar os quatro dias que nos sobram num Parque Nacional, onde a natureza se impõe e nos obriga a admirá-la, a PARAR portanto.

Onde cada passo é dado a seu tempo, a nosso tempo. Foi assim, que decidimos dirigir-nos ao Parque Nacional de Los Alerces, perto de Esquel e ter um tempo para nós.

Um tempo para caminhar, para descansar, para acampar, para apreciar, para nadar, para ler, para cozinhar, para dormir, para escutar os pássaros, para esquecer e para lembrar...

Não temos muito mais a dizer destes dias, nem queremos, as imagens falam por si, nós simplesmente sentimos e caminhámos, sem pensar muito!





Saludos y besos!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Capítulo 4 - O Museu Itenerante: Velho Expresso Patagónico

Depois de uma semana passada ao sabor da hostilidade patagónica (isto no que ao clima diz respeito), nada como voltar à "cidade".

Ora vejamos:
  • um banho de água quente (ainda por cima com boa pressão!)
  • duas noites numa cama "a sério" 
  • quatro paredes prontas para nos abrigarmos quando for preciso
  • uma linha de comboio muito especial mesmo ali ao lado
  • possibilidade de preparar o resto da viagem de forma tranquila

Realmente, nada melhor para levantar a moral às tropas!

Posso dizer sem dificuldade nenhuma que, o banho à chegada a Esquel foi claramente um dos que me soube melhor na vida. Quanto à Liliana...diz que foi mesmo o melhor!
Ora, se nós dizemos isto...imaginem o que não diria o pessoal que estava ao nosso lado! Esses sim, devem ter ficado contentes com o nosso banho.

Continuando, depois de limpinhos e com as pilhas já mais recarregadas, nada como tentar saber como se chega ao parque nacional que queremos visitar e quando vai ser a próxima saída de "La Trochita" (o velho expresso da patagónia). Para o parque é bastante simples (embora tenhamos estado não sei quanto tempo no terminal de autocarros para que nos respondam!) só há uma empresa de autocarros que vai para lá e o trajecto é circular (ou seja, vai e volta) e só há dois horários 9h da manhã ou 5h da tarde. Quanto ao comboio, segundo informação do posto de turismo, La Trochita vai sair na 4ªfeira, por não ter saído no dia habitual (Sábado) e os bilhetes custam 180 pesos Argentinos cada um (+ou- 32€).
Bem, quanto ao Parque Nacional o plano é simples, vamos um dia de manhã e voltamos no dia que quisermos ao fim da tarde. Quanto ao comboio...já não é tão linear. 64€ no nosso orçamento de viagem é muita fruta! Ainda para mais para fazer um percurso de ida e volta. Mas ao mesmo tempo...é "O" velho expresso da patagónia, um ícone do mundo ferroviário. Um museu sobre rodas movido a vapor!
A decisão naquela altura estava meio complicada.

Depois de almoço e não tendo o tema de conversa mudado muito, decidimos que era uma experiência que queríamos ter e que se não aproveitássemos ficaríamos eternamente a pensar que devíamos ter aproveitado e não o tínhamos feito.

A decisão estava tomada: preferimos não jantar fora, comer massa todos os dias e viajar da forma mais barata possível, mas andar naquele comboio, do que saber que tínhamos estado ali ao lado e apenas o tínhamos visto partir.

Próximo passo: comprar bilhetes.
A princesa a dormir a sesta, o escravo a ir comprar bilhetes! (Censura de Liliana: a princesa só estava a dormir a cesta para tentar esquecer uma comichão de morrer nas pernas, que apesar de não sabermos o motivo, só passou no dia seguinte).

Chegado à agência, peço dois bilhetes, escolho os lugares e...quando vou pagar a senhora diz-me: "Son 100 pesos cada uno, 200 en total.".
Uma olhada rápida aos bilhetes, perguntar para confirmar que estava tudo ok, mas tentando parecer o mais normal possível e enquanto pago vejo um preçario na parede.
"La Trochita
Boleto comun 180$
Nacionales Argentinos 100$
Menores y Jubilados..."

Perfeito! Nada como viajar num país grande e com sotaques diferentes em cada zona, para te venderem um bilhete mais barato por pensarem que és um cidadão nacional!

Agora a desfrutar da viagem!

 O comboio parece de brincar!
Os carris são bem mais estreitos que o normal, porque desta forma reduziam os custos de construção da via e permitiam fazer curvas mais fechadas, necessárias para contornar obstáculos naturais e facilitar não apenas reduzir a inclinação nas subidas como também nas descida, procurando reduzir dessa maneira possíveis acidentes. Além disso, esta linha foi construida após a I Guerra Mundial, altura em que comboios de carril estreito eram muito comuns e baratos (por terrem sido produzidos e utilizados de forma abrangente para transportar tropas e materias). Assim, logicamente, todo o comboio é também proporcionalmente mais pequeno do que o normal.

18km de percurso dão para ter uma ideia do que seria fazer o percurso original de +ou- 400km até Ingeniero Jacobacci. Uma viagem looooooooooooonnnnggga! Mas também, convinhamos que foi desenhada para carga e só mais tarde começou a integrar transporte de passageiros, por isso também não podemos pedir milagres!


Já que poupámos nos bilhetes, nada como aproveitar o ambiente na carruagem bar/restaurante e sentar para um chocolate quente e um bolo de chocolate "floresta negra" depois de arrefecer nos 45min parados na estação para ver um museu relativo ao povo mapuche e tehuelche(habitantes indígenas) e artesanato local. Tanto o cenário como o clima são dignos de qualquer filme do faroeste!


Realmente, dificilmente nos esqueceremos desta viagem, por mais turística que tenha sido, teve um encanto fora do comum.


Saludos y besos!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Capítulo 3 - A dureza e o prazer: amor a quanto obrigas

A cada viagem, a cada quilometro percorrido, estávamos mais perto daquele a que denominámos "El Sueño Petzl". E depois de umas quantas tentativas falhadas a tentar encontrar gente que se dirigia ao mesmo objectivo que nós, lá encontramos a primeira pista.



Seguiu-se uma tarde tranquila pelo centro de Bariloche (incluindo uma visita a uma fábrica de chocolates), uma hora passada no super mercado a comprar mantimentos para 4 pessoas para uma semana, uma noite de descanso, uma escapadinha a um miradouro (Cerro Campanário) perto da cidade, uns postais escritos enquanto se saboreava um chocolate quente, um corte de cabelo improvisado, até que, por fim, já estávamos a entrar no autocarro a caminho de Esquel.

Passadas apenas 4 horas e meia num autocarro, (sim porque quem viaja num país como a Argentina, rapidamente as distâncias se tornam longas e portanto, relativas, quando colocadas junto aos nossos padrões normais) lá chegamos a Esquel e a um hostel repleto de escaladores. Definitivamente cada vez mais perto... Depois de um jantarinho de CARNE, já que íamos passar uma semana a massas e uma noite, não muito longa, de sono, lá estávamos nós (mais todo o pessoal do hostel) às 7h da manhã na rodoviária de Esquel, esperando o transporte do evento: Petzl Roctrip 2012.

Mas o transporte não chegou, bem nos avisaram os Uruguaios em relação à organização duvidosa do evento, no que respeitava à parte dos Argentinos. Enfim, entre outras peripécias organizativas (que incluíram procurar um Chileno, do qual nos fizemos amigos no dia anterior, por todo Esquel para que o autocarro não saísse sem ele), lá chegamos ao famoso spot...a Piedra Parada, depois de 3 horas e meia de paisagens cada vez mais impressionantes. E lá estava ela...imponente...uma pedra de quase 200 metros de altura.


 
E a alguns metros dela o Parque de Campismo improvisado, num terreno da família local que recebeu o evento na sua casa. Como tínhamo tratado da comida, esperávamos dois amigos que nos traziam o material de escalada ao juntar-se a nós, pois viajavam de avião. No entanto, mais umas peripécias e os camionistas da Argentina decidiram fazer uma greve, impedindo os aviões de descolar (por falta de abastecimento de combustível). Os amigos não vieram :( e o material também não.



Mas não faz mal, nos primeiros dias entretemo-nos a ver os melhores do mundo, afinal é um privilégio.
 
Uns dias depois escalámos com o amigo Chileno que conhecemos em Esquel e, mais tarde, com uma família Uruguaia que já conheciamos e que chegou de carro (o casal e os dois filhos de 11 e 13 anos)uns dias depois de nós.


A partir daí ninguém nos parou e todos os momentos foram aproveitados para escalar, até ao entardecer.

 

 
E a semana passou...entre a dureza do clima (muito calor, muito frio, muito pó, muito vento...enfim, a patagónia) e das condições (falta de comforto de um lugar quentinho o fim do dia, falta de banhos, etc), podemos dizer que "la pasamos bien" entre muita caminhada, escalada, festas à noite, conhecendo pessoas e comendo o belo do cordeiro...o prazer ganhou!!!
A loucura de uns leva outros a experimentar dificuldades, mas ainda assim, quando se quer e se descobre como disfrutar das coisas, vale a pena.
Afinal, quando voltaremos a ter a possibilidade de estar num sítio como este: a foto ao lado mostra um desenho do local de escalada, todo o "Cañon de la Buitrera" é escalável.

Foi, sem a menor dúvida, o abrir de uma porta, pela qual queremos entrar.
...se a escalada já nos fascinava...depois de estar a mais de 30 metros de altura, após uma subida que te leva ao limite, olhar à volta e sorrir porque estás ali...não vamos ficar por aqui...
 


Saludos y besos!